O número
cumulativo de mortes por COVID-19
Brasil em
comparação com outros países
29 de
Março de 2020
* Dia 1 (Dia
em que houve a primeira morte registrada de COVID-19): Brasil, Março 17; Coreia
do Sul, Fevereiro 20; Itália, Fevereiro 21; Espanha, Março 1; EUA, Fevereiro
29; Reino Unido, Março 5.
Interpretação dos dados
O principal objetivo no momento é
“achatar a curva” da epidemia. “Achatar a curva” significa reduzir a velocidade
de propagação da epidemia (não necessariamente o número total de pessoas que
serão afetadas).
As figuras (as duas figuras relatam
os mesmos dados – somente os formatos são diferentes) infelizmente revelam uma
situação preocupante no Brasil. Em todos os outros países aqui analisados (com
exceção da Espanha a partir da segunda semana), a curva estava mais achatada do
que a curva no Brasil, no mesmo estágio inicial do surto (i.e., nas duas primeiras semanas após a primeira morte
registrada). Isso sugere que, se o Brasil não tomar medidas mais eficazes do
que esses países tomaram no início do surto, a mortalidade no Brasil durante
este surto provavelmente será maior do que nesses países.
Considerações metodológicas
Provavelmente, em países que
iniciaram o surto mais cedo, houve mais mortes pela COVID-19 que não foram
registradas como tal (subnotificação de mortes pela COVID-19), pois os médicos
não estavam ainda tão alertados sobre esta doença como os médicos em países
onde o surto iniciou mais tarde. Por isso, na comparação entre o Brasil (surto
mais tardio) e a Coreia do Sul por exemplo, deve se considerar a possibilidade
de subnotificação de morte pela COVID-19 na Coreia mais do que no Brasil.
Difícil saber quão alertas estavam os médicos em cada um desses países e se
houve diferença neste aspecto entre eles.
De qualquer forma, na medida em que
os dias foram passando, provavelmente o nível de atenção deve ter ficado
similar nos países investigados aqui. Como as mortes começaram a acontecer depois
dos surtos serem detectados através de sintomas clínicos e testes diagnósticos,
provavelmente a subnotificação é um problema menor na definição de um caso de
óbito do que na definição de um caso de infecção.
Continuaremos a atualizar esses dados
para ajudar a estimar e a divulgar a velocidade da propagação da
epidemia no Brasil em comparação com esses outros países.
Paulo Nadanovsky, PhD.
Epidemiologista da Fiocruz e da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro.
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