* Dia 1 (Dia
em que houve a primeira morte registrada de COVID-19): Brasil, Março 17; Coreia
do Sul, Fevereiro 20; Itália, Fevereiro 21; Espanha, Março 1; EUA, Fevereiro
29; Reino Unido, Março 5.
Interpretação dos dados
O principal objetivo no momento é
“achatar a curva” da epidemia. “Achatar a curva” significa reduzir a velocidade
de propagação da epidemia (não necessariamente o número total de pessoas que
serão afetadas). Para saber se a curva no Brasil está sendo achatada é necessário
ter algum parâmetro de comparação, i.e., alguma outra curva com a qual comparar
a curva no Brasil.
As figuras (as duas figuras relatam
os mesmos dados – somente os formatos são diferentes) revelam a situação no Brasil
em comparação com a de outros países. Ao completar duas semanas desde a
primeira morte registrada por COVID-19, a Espanha se destaca com a curva menos
achatada enquanto a Coreia do Sul com a mais achatada; a Espanha com 342 mortes
e a Coreia com 35 em duas semanas. O EUA apresenta uma curva mais achatada que a
do Brasil, o Reino Unido uma curva similar à do Brasil e a Itália, depois do
dia 12, uma curva que tende a ficar menos achatada que a do Brasil. Esses dados
sugerem que as medidas tomadas pelo Brasil tendem a diminuir o número de mortes
em decorrência deste surto da COVID-19 em comparação com a Itália e a Espanha,
mas não em comparação com a Coreia do Sul e os EUA.
Considerações metodológicas
Provavelmente, em países que
iniciaram o surto mais cedo, houve mais mortes pela COVID-19 que não foram
registradas como tal (subnotificação de mortes pela COVID-19), pois os médicos
não estavam ainda tão alertados sobre esta doença como os médicos em países
onde o surto iniciou mais tarde. Por isso, na comparação entre o Brasil (surto
mais tardio) e a Coreia do Sul por exemplo, deve se considerar a possibilidade
de subnotificação de morte pela COVID-19 na Coreia mais do que no Brasil.
Difícil saber quão alertas estavam os médicos em cada um desses países e se
houve diferença neste aspecto entre eles.
De qualquer forma, na medida em que
os dias foram passando, provavelmente o nível de atenção deve ter ficado
similar nos países investigados aqui. Como as mortes começaram a acontecer
depois dos surtos serem detectados através de sintomas clínicos e testes
diagnósticos, provavelmente a subnotificação é um problema menor na definição
de um caso de óbito do que na definição de um caso de infecção.
Continuaremos a atualizar esses dados
para ajudar a estimar e a divulgar a velocidade da propagação da
epidemia no Brasil em comparação com esses outros países.
Paulo Nadanovsky, PhD.
Epidemiologista da Fiocruz e da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro.
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