Ainda não se sabe se a COVID-19 será erradicada, se haverá
vacina ou qual será a efetividade dela, se será uma virose sazonal, etc. Existe
a possibilidade dela se estabilizar como mais uma doença dentre outras doenças
infecciosas para as quais não há vacina, como por exemplo AIDS, que entre 2008
e 2018 apresentou uma taxa de mortalidade de 4 a 6 por 100 mil habitantes no
Brasil (http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-de-hivaids-2019).
Uma
vez que a quantidade de mortes pela COVID-19 se estabilize (i.e., na hipótese de
não ser erradicada ou bastante reduzida pela vacina), passa a ser importante
quantificar o impacto relativo desta doença em comparação com outras causas de
morte. Na data de hoje (31 de maio de 2020) este momento ainda não chegou no
Brasil. De qualquer forma, a seguir faremos uma comparação provisória, tomando
como parâmetro o risco de morrer por diferentes causas e por COVID-19 em abril
e maio de 2020 no Brasil.
O excesso de
mortalidade e a subnotificação de mortes pela COVID-19
Antes de fazer esta comparação é necessário considerar a
possibilidade de subnotificação de mortes pela COVID-19. Há relatos de que muitas pessoas que morreram pela COVID-19 não tiveram confirmação da infecção pelo SARS-CoV-2; parte dessas mortes não foi então registrada como tendo sido causada pela COVID-19[1]. Por isso, há quem defenda que o
excesso de mortalidade durante os meses da pandemia seja a melhor forma de
quantificar a real mortalidade causada pela COVID-19 (https://www.ft.com/content/a26fbf7e-48f8-11ea-aeb3-955839e06441).
No estado de São Paulo o número de mortes por qualquer
causa (mortalidade total) registrado nos meses de abril dos anos 2015 a 2019
variou de 24.009 a 25.543, com uma média de 24.236. Em abril de 2020, a
mortalidade total foi de 27.728, revelando um excesso de mortalidade de 3.492 em
abril de 2020 comparado à média de abril nos cinco anos anteriores (https://transparencia.registrocivil.org.br/registros - consultado em 13 de maio de 2020). O número de
mortes confirmadas pela COVID-19 no mês de abril de 2020 pelo portal de estatísticas
do estado de São Paulo da Fundação Seade foi de 2.239 (https://www.seade.gov.br/coronavirus/ - consultado em 13 de maio de
2020).[2]
Esses dados revelam algumas coisas
importantes. Primeiro, um excesso de mortalidade anormal e expressivo em abril
de 2020, de 3.492 mortes. Este excesso de mortes deve ser em parte devido às
mortes causadas diretamente pela COVID-19 e indiretamente por outros problemas
de saúde que podem ter se agravado durante o mês de abril de 2020, até como
consequência da COVID-19. Por exemplo, uma pessoa que tenha sofrido uma
complicação cardiovascular e não teve acesso ao tratamento necessário (ou não foi
ao hospital), pois o sistema de saúde estava priorizando o atendimento dos
doentes com a COVID-19. Por si só este dado de excesso de mortalidade tem valor,
pois expressa o impacto mais genérico da COVID-19 na mortalidade, já que há
mortes por outras causas que não teriam acontecido não fosse pela pandemia de
COVID-19. Portanto, há mortes que são causadas diretamente pela COVID-19 e
outras que são causadas indiretamente por ela; o excesso de mortalidade é um
indicador que engloba tanto as primeiras quanto as últimas.
Em segundo lugar esses dados permitem fazer uma estimativa,
ainda que imperfeita, da subestimação no número de mortes causadas diretamente
pela COVID-19. Usando um raciocínio superficial rápido nós podemos calcular a
diferença entre o excesso de 3.492 mortes e o número de mortes confirmadas
pela COVID-19, que foi de 2.239, concluindo que houve uma subnotificação de 1.253 mortes pela COVID-19.
No
entanto, não podemos concluir que esta diferença represente de fato a
subnotificação de mortes pela COVID-19. Para
fazer uma estimativa válida desta subestimação seria necessário conhecer o
excesso e redução no número de mortes por todas as causas de morte que podem
ter se alterado em consequência da COVID-19 e das medidas para lidar com ela,
tais como o confinamento domiciliar, o fechamento de escolas, comércio e serviços
(alerta feito a mim pela Ana Paula Pires dos Santos). Além do aumento de mortes
por outras causas que pode ocorrer como consequência indireta da COVID-19, deve
ter havido também redução de mortes por outras causas em consequência das
medidas para lidar com a COVID-19: um cuidado maior com a higiene e o
fechamento de escolas reduzem outras doenças infecciosas, não somente a
COVID-19; adiar tratamentos eletivos reduz morbidade e mortalidade por
tratamentos desnecessários e danosos; reduzir mobilidade social evita mortes
por batida no trânsito e homicídio.[3]
A
subnotificação então pode ser maior ou menor do que a diferença entre o excesso
de mortalidade e o número de mortes confirmadas pela COVID-19. Por exemplo, em
casos extremos, tais como a África do Sul, onde foi encontrada uma diferença
negativa (https://www.ft.com/content/a26fbf7e-48f8-11ea-aeb3-955839e06441),
ou seja, durante a pandemia da COVID-19 a mortalidade total diminuiu ao invés
de aumentar (talvez pela redução nas mortes por causas externas em consequência
das medidas de restrição de mobilidade e confinamento), não significa que não tenha
havido subnotificação de mortes pela COVID-19. Lá, pode ser que a redução nas
mortes pelas causas externas tenha sido tão grande que compensou tanto as
mortes confirmadas como não confirmadas pela COVID-19.
Refinando a estimativa
de subnotificação de mortes pela COVID-19 no Brasil
Vamos retornar
ao exemplo de São Paulo para ilustrar nosso raciocínio na tentativa de chegar
mais perto da estimativa correta de subnotificação de mortes pela COVID-19 no
Brasil.[4] Em São Paulo em 2019
morreram 5.433 pessoas no trânsito, o que equivale a uma média de 453 por mês (https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/numero-de-fatalidades-de-transito-em-2019-registra-menor-indice-desde-2015-em-sp/).
Presumindo que tenha havido uma redução de 40% nessas mortes em abril de 2020
(devido à redução na mobilidade), teriam ocorrido 181 mortes a menos no
trânsito (https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/04/22/numero-de-mortos-em-acidentes-de-transito-em-sp-cai-313-durante-a-quarentena.htm).
Além disso, foram 2.906 vítimas de homicídios em 2019, ou 242 por mês (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-01/sao-paulo-tem-em-2019-menor-taxa-de-homicidios-desde-2001).
Presumindo uma redução de 30%, seriam 73 mortes a menos em abril de 2020 (https://veja.abril.com.br/blog/radar/em-sp-homicidio-tem-queda-de-315-na-quarentena/). Então, considerando apenas a
redução de mortes por causas externas (sem considerar, por exemplo, a redução
de mortes por outras doenças infecciosas etc.), soma-se às 1.253 mortes (diferença
entre o excesso na mortalidade e o número de mortes confirmadas pela COVID-19),
essas 181 e 73. Assim, a estimativa de subnotificação subiria para 1.507 em
abril de 2020. Então, o número “real” de mortes por COVID-19 em abril de 2020
no estado de São Paulo teria sido 1.507 (não registradas) mais 2.239
(confirmadas), i.e., um total de 3.746 (confirmadas + não registradas) (Figura).
Não
obtivemos dados sobre redução ou aumento no número de mortes por outras causas
específicas, além de mortes no trânsito e homicídio. Por isso, faremos aqui apenas
uma simulação com dados hipotéticos para ilustrar como o aumento da mortalidade
por outras causas, indiretamente devido à COVID-19, alteraria nossa estimativa
de subnotificação de mortes por esta doença. Digamos que tenha havido 153
mortes a mais por infarto e 100 a mais por câncer em abril de 2020. Então,
considerando apenas o aumento de mortes por infarto e câncer, subtrai-se das
1.253 mortes (diferença entre o excesso na mortalidade e o número de mortes
confirmadas pela COVID-19), essas 153 e 100. Assim, a estimativa de
subnotificação reduziria para 1.000 em abril de 2020. Então, o número “real” de
mortes por COVID-19 em abril de 2020 no estado de São Paulo teria sido 1.000
(não registradas) mais 2.239 (confirmadas), i.e., um total de 3.239
(confirmadas + não registradas) (Figura).
Como
não tivemos acesso aos dados sobre aumento ou redução de todas as causas de mortes
separadamente, não temos como saber ao certo se essas 1.253 mortes (diferença
entre o excesso na mortalidade e o número de mortes confirmadas pela COVID-19) é
um indicador confiável da subnotificação. Por isso, presumimos o seguinte: primeiro,
que essas 1.253 mortes não indicam diretamente a subnotificação, pois deve ter
havido aumento e redução em outras causas de morte; segundo, o aumento de
mortes devido ao efeito indireto da COVID-19, tais como mortes por doenças
cardiovasculares e câncer, deve ser similar à redução de mortes devido ao
efeito indireto das medidas para combater a COVID-19, tais como mortes por
outras doenças infecciosas e por excesso de intervenções médicas (https://www.bmj.com/too-much-medicine);
terceiro, como o Brasil é um país muito violento, apresentando consistentemente
um número elevado de mortes no trânsito e homicídios, consideramos apenas as
reduções nas mortes por essas causas no “ajuste” da subnotificação. Resumindo,
as 1.253 mortes foram “ajustadas” apenas pela redução nas mortes no trânsito e
homicídios, presumindo que as outras causas se anulam, i.e., aumentam e diminuem
em quantidades similares (Figura).
Então,
estamos presumindo que a subnotificação de mortes pela COVID-19 deve ser maior
do que a diferença entre o excesso de mortalidade e o número de mortes por
COVID-19 confirmadas. Em outras
palavras, acreditamos que o excesso de mortalidade subestime o número de
mortes pela COVID-19 no Brasil. Por isso, para estimar o número “real” de
mortes pela COVID-19 no Brasil, optamos por “ajustar” o excesso de mortalidade
pela redução nas mortes por causas externas. Utilizamos os dados de São Paulo
como base para este “ajuste”.
Como
já vimos, em São Paulo foram 2.239 mortes confirmadas pela COVID-19.
Temos que somar a essas, as mortes por COVID-19 não registradas
(subnotificação). A diferença entre o excesso na mortalidade e o número de
mortes confirmadas pela COVID-19 foi de 1.253 e a redução nas mortes no
trânsito e homicídio foi de 181 e 73, i.e., 254 mortes. O número de mortes por
COVID-19 não registradas então seria 1.253 + 254, ou seja, 1.507. Então, o
número “real” de mortes por COVID-19 em abril de 2020 no estado de São Paulo teria
sido 1.507 (não registradas) mais 2.239 (confirmadas), i.e., um total de 3.746
(confirmadas + não registradas) (Figura). Como foram 2.239 mortes confirmadas
pela COVID-19 de um total de 3.746 que aconteceram “de fato”, o número “real”
de mortes pela COVID-19 foi 67% mais alto do que o número confirmado de
mortes pela COVID-19.
Presumindo que a subnotificação de mortes pela
COVID-19 no Brasil seja similar ao que calculamos para o estado de São Paulo, aplicaremos
uma correção aos dados do Brasil multiplicando o número de mortes confirmadas
pela COVID-19 por 1,67. Ou seja, vamos
considerar que, no Brasil, o número “real” de mortes pela COVID-19 é 67% mais
alto do que o número confirmado de mortes pela COVID-19, assim como foi
nossa estimativa para São Paulo.
O risco de morrer pela
COVID-19 e por outras causas no Brasil
A
tabela apresenta o número de mortes e taxas de mortalidade por 100 mil
habitantes pelas diferentes causas no Brasil em 2017[5]. Inserimos também duas
estimativas para a COVID-19 com base no número de mortes em abril e em maio de
2020, corrigindo para o número de mortes pela COVID-19 não notificadas
(subnotificação). O número confirmado de
mortes pela COVID-19 no Brasil em abril de 2020 foi 5.307 (https://ourworldindata.org/covid-deaths).
Considerando a subnotificação, o número “real” de mortes pela COVID-19 em abril
teria sido 8.863 (5.307 x 1,67). Multiplicando por 12 meses, teríamos 106.356
mortes no ano, que equivale a uma taxa de 51 mortes por COVID-19 por 100 mil
habitantes. Esta é uma taxa altíssima, abaixo apenas de todos os tipos de
doenças cardiovasculares e de todos os tipos de câncer. Em maio foram 23.368
mortes confirmadas pela COVID-19 (https://ourworldindata.org/covid-deaths).
“Ajustando” pela subnotificação, o número “real” teria sido 39.024 (23.368 x
1,67). Se o número de mortes pela COVID-19 ficar estabilizado neste valor,
teríamos 468.294 mortes por ano, equivalente a uma taxa de 225 por 100 mil por
ano. Em maio de 2020 a taxa foi de 19 por 100 mil, a mais alta de todas as
causas de morte, acima das doenças cardiovasculares (16 por 100 mil) e todos os
tipos de câncer (10 por 100 mil).[6]
Conclusão
Essas
estimativas são importantes não somente para termos uma ideia do tamanho da
subnotificação e conhecermos o número “real” de mortes pela COVID-19 neste
momento mas, mais importante, considerarmos que se a incidência da COVID-19
permanecer neste patamar, quando as medidas restritivas de mobilidade forem
relaxadas, escolas reabrirem e a vida voltar relativamente ao normal, as batidas
no trânsito, a violência urbana, outras doenças infecciosas e os procedimentos
médicos eletivos danosos devem voltar ao padrão usual, de antes da pandemia.
Então, o impacto da COVID-19 poderá ser ainda maior, pois ao contrário deste
momento de crise em que estamos testemunhando a COVID-19 substituindo em
parte outras causas de morte, poderemos ter que lidar no futuro próximo com a
COVID-19 se somando a essas outras causas de morte.
Figura)
Excesso de mortalidade como indicador do número “real” de mortes pela COVID-19,
estado de São Paulo, abril de 2020
CV = COVID-19
Tabela) Número de
mortes e taxa de mortalidade por 100 mil habitantes1 pelas
diferentes causas, no Brasil em 20172. A COVID-19 é uma estimativa
com base no número de mortes em abril e em maio de 2020.
1- Taxa calculada com base em uma população de 208 milhões de habitantes (Brasil em 2017); 2- O ano de 2017 foi o ano mais recente para o qual conseguimos acesso aos dados; 3- Essas 468.294 mortes pela COVID-19 projetadas para um ano derivam do número de mortes em maio de 2020, que foi de 23.368, multiplicado pela correção da subnotificação (1,67), que é igual a 39.024 e então multiplicado por 12 (meses). 4- Essas 106.356 mortes pela COVID-19 projetadas para um ano derivam do número de mortes em abril de 2020, que foi de 5.307, multiplicado pela correção da subnotificação (1,67), que é igual a 8.863 e então multiplicado por 12 (meses).
Causa da morte
|
Número
|
Taxa
ano
|
Taxa
mês
|
COVID-19
maio 20203
|
468.294
|
225
|
19
|
Doenças cardiovasculares
|
388.268
|
187
|
16
|
Cânceres
|
244.969
|
118
|
10
|
COVID-19
abril 20204
|
106.356
|
51
|
4
|
Infecções respiratórias inferiores
|
84.073
|
40
|
3
|
Demência
|
73.419
|
35
|
3
|
Doenças respiratórias
|
72.746
|
35
|
3
|
Doenças digestivas
|
72.556
|
35
|
3
|
Homicídio
|
63.825
|
31
|
3
|
Diabetes
|
56.474
|
27
|
2
|
Trânsito
|
46.282
|
22
|
2
|
Doenças do fígado
|
36.269
|
17
|
1
|
Doença do rim
|
35.350
|
17
|
1
|
Neonatal
|
21.265
|
10
|
1
|
HIV / AIDS
|
15.406
|
7
|
1
|
Suicídio
|
14.145
|
7
|
1
|
Etc.
|
...
|
...
|
...
|
Total
|
1.287.605
|
619
|
52
|
1- Taxa calculada com base em uma população de 208 milhões de habitantes (Brasil em 2017); 2- O ano de 2017 foi o ano mais recente para o qual conseguimos acesso aos dados; 3- Essas 468.294 mortes pela COVID-19 projetadas para um ano derivam do número de mortes em maio de 2020, que foi de 23.368, multiplicado pela correção da subnotificação (1,67), que é igual a 39.024 e então multiplicado por 12 (meses). 4- Essas 106.356 mortes pela COVID-19 projetadas para um ano derivam do número de mortes em abril de 2020, que foi de 5.307, multiplicado pela correção da subnotificação (1,67), que é igual a 8.863 e então multiplicado por 12 (meses).
APÊNDICE
O
número estimado de mortes por COVID-19 no Brasil a partir do número de pessoas
que já foi infectado (pesquisa nacional de sorologia) e da letalidade do
SARS-CoV-2 (1%, 1,5% ou 2%), e o número confirmado de mortes por COVID-19 “ajustado”
para a subnotificação.
Março,
Abril e Maio, Brasil
Número
estimado de mortes pela COVID-19:
População
brasileira, 208.000.000
1,4% já
foi infectado pelo SARS-CoV-2 (EPICOVID19)
1,4%
de 208.000.000 = 2.912.000
Letalidade
= 1%, 1% de 2.912.000 = 29.120 mortes
Letalidade
= 1,5%, 1,5% de 2.912.000 = 43.680 mortes
Letalidade
= 2%, 2% de 2.912.000 = 58.240 mortes
Número
confirmado de mortes pela COVID-19:
28.834
mortes (Our World in Data)
“Ajustado”
pela subnotificação, 28.834 x 1,67% = 48.153 mortes
[1] Existem também relatos anedóticos de que médicos tenham evitado atestar
na declaração de óbito que a morte foi causada pela COVID-19 a pedido da
família. Há inúmeras circunstâncias que podem levar à subnotificação de mortes
pela COVID-19 durante esta onda epidêmica.
[2] O número de mortes confirmadas ou suspeitas pela COVID-19
informadas no portal da transparência, registro civil, foi de 2.915 (https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid
- consultado em 13 de maio de 2020).
[3] Além da subnotificação há a possibilidade de sobrenotificação de mortes
pela COVID-19. Durante a pandemia, quando não há possibilidade de confirmação
através de teste diagnóstico a presença de sinais clínicos sugestivos de
COVID-19 pode ser suficiente para levar médicos a declarar no atestado de óbito
que a causa da morte foi COVID-19; parte desses pacientes morreu por outras
causas. Além disso, houve pessoas que morreram com COVID-19, mas não de
COVID-19 – por exemplo, pacientes idosos fragilizados que morreriam naquele momento
mesmo se não tivessem contraído COVID-19 (https://www.straight.com/covid-19-pandemic/stanford-university-researcher-john-ioannidis-relies-on-data-to-puncture-some-of-myths-about).
[6] Foi interessante notar que as nossas estimativas “ajustadas” pela
subnotificação estão coerentes com estimativas realizadas a partir do número de
pessoas que já foi infectado (pesquisa nacional de sorologia) e de uma
letalidade do SARS-CoV-2 entre 1,5 e 2% (APÊNDICE).
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